LITERATURA BRASILEIRA


Texto I

 

CAPÍTULO PRIMEIRO / ÓBITO DO AUTOR

 

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.

 

(...) Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. 

 

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ed. Moderna, 1999. P. 10.

 

Texto II

 

Porquinho-da-Índia

Quando eu tinha seis anos

Ganhei um porquinho-da-índia.

Que dor de coração me dava

Por que o bichinho só queria estar debaixo do fogão!

Levava ele pra sala

Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos

Ele não gostava:

Queria era estar debaixo do fogão.

Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

 

 

 

BANDEIRA M. Libertinagem & Estrela da manhã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 36.

 

Sobre os textos acima, é correto dizer que:



Utilizam temática do cotidiano e a linguagem que se aproxima da prosa, que são características da estética do Modernismo.


Apresentam características da estética do Realismo (texto I) , e Arcadismo (Texto II).


O texto I está em consonância com o Modernismo, o que se comprova pela falta de elementos românticos e também pela ironia presente no mesmo. Já o texto II está em consonância com a estética do Realismo, pois apresenta versos livres e com linguagem que se aproxima da prosa, características pertinentes a esse estilo literário.


O texto I está em consonância com o realismo, o que se comprova pela falta de elementos românticos e também pela ironia presente no mesmo. Já o texto II está em consonância com a estética do Modernismo, pois apresenta versos livres e com linguagem que se aproxima da prosa, características pertinentes a esse estilo literário.


Afastam-se da estética do Modernismo, pois apresentam distanciamento temporal: o eu lírico, no texto I, rememora a infância e, no texto II, foca-se no presente.

O herói de Mário de Andrade, ou seja, a personagem Macunaíma, tem, ao decorrer da obra, um enorme apetite sexual. Das sentenças a seguir, assinale aquela a que se refere este fato.


Macunaíma simplesmente não consegue realizar nenhum ato erótico em suas peripécias.


Na obra, o autor não utiliza eufemismos para descrever tais fatos.


Macunaíma, em decorrência a este fato, é uma obra especificamente de cunho erótico.


De maneira alguma, a obra retrata atos eróticos. Macunaíma relata apenas o folclore brasileiro, e ainda,  sem nenhum teor simbólico.


Ao longo da narrativa, o eufemismo "brincar" servirá de metáfora do ato erótico.


Para responder esta questão, leia, a seguir,  um  trecho do "Poema de sete faces", de Carlos Drummond de Andrade:


"Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos."


Com base na leitura do fragmento, e também de seus estudos, identifique a informação incorreta:  


Há uma íntima relação entre o eu lírico e a imagem arquetípica do poeta. 


Podemos inferir que este anjo já não é um anjo sublime, iluminado. Ele é "torto". 


A identificação entre o eu lírico e o autor se faz por inúmeras características. 


Pode-se dizer que no verso "Vai! Carlos! se gauche na vida", perceberemos que este fulano de tantas faces é o Carlos (Drummond de Andrade). 


Através da leitura do poema, fica claro que se trata de um sonho de Carlos Drummond. Este poema, especificamente, se trata da fase esotérica da obra do autor. 

Como sabemos, Guimarães Rosa lançou seu primeiro livro de contos, o Sagarana, em 1946. Nesta época, até 1970, ele se notabilizou e se tornou conhecido também por escrever um romance. Assinale a alternativa que aponta que romance é esse.


Sagarana, escrito em 1946.


O autor, de forma alguma, foi reconhecido em sua vida literária. Postumamente, sua obra foi reconhecida, mas apenas por "Estas estórias (1969)" e "Ave Palavra (1970)".


Magma, escrito em 1936. 


Grande sertão: veredas, escrito em 1956.

João Guimarães Rosa não escreveu nenhum romance, apenas livros de contos como Corpo de baile e Manuelzão e Miguilim.

“À primeira vista, Dom Casmurro (1900) parece um retrato intimista de um bacharel aposentado, Bento Santiago, que narra a história de sua vida, marcada pelo amor de juventude. Amor que muda os rumos do rapaz prometido ao sacerdócio, torna-o um pater familias, mas também o precipita na tragédia de uma dupla traição [...].” (MISKOLCI, 2009)

 

A dupla traição a que se refere o autor é:


dos seus ideais amorosos e religiosos.


do juramento de fidelidade conjugal e dos costumes da época.


da mulher amada e do seu melhor amigo.

da vocação sacerdotal de Bentinho e da vocação sensual de Capitu.


de Capitu e do filho Ezequiel.

Em “Dom Casmurro”, Machado de Assis volta o olhar para família patriarcal, por intermédio de um narrador __________, que pertencia às classes dominantes. Bento Santiago, na velhice, resolve “atar as duas pontas da vida”, recontando suas memórias e tentando, por meio da escrita, recuperar a felicidade perdida. O que Bentinho não confessa, porém, ao leitor é que usará toda uma __________ para acusar, ainda que sem provas, sua esposa de um adultério do qual não tem provas. No fundo, Bento Santiago quer, pela anuência do leitor, justificar, perante a própria consciência as injustiças que levaram a mulher __________ e, em última instância, ao desabamento da estrutura familiar.

 

Assinale a alternativa que melhor completa as lacunas do texto acima:


exemplar – gama de argumentos – à loucura.


astuto – engenhosa retórica – ao exílio.


omisso – poesia encalacrada – à morte.


objetivo – rede de intrigas – ao escândalo.


imprudente – trama de acontecimentos – ao delírio.

Leia o texto a seguir para responder a próxima questão:

 

Para se compreender a importância de Carlos Drummond de Andrade, é preciso encarar sua obra poética sob dois aspectos distintos, embora complementares. Primeiramente, é preciso considerá-la sob a perspectiva da história da literatura brasileira, compreendendo a contribuição que lhe fez o poeta. Em segundo lugar, pelos valores que ela tem por si só, intrinsecamente, os quais devem comprovar a grandeza do escritor e a excelência de seu modo de usar a língua portuguesa, bem como a universalidade e a atualidade permanente de seus textos

 

Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/por-que-carlos-drummond-e-tao-importante-para-a-literatura-brasileira. acesso em 03/10/2017.

Com base no exposto, avalie as afirmações a seguir:

I. Mineiro de Itabira, Drummond fez de Minas Gerais um dos grandes motivos temáticos de sua poesia.                          

II. Foi considerado por muitos críticos e leitores como o maior poeta brasileiro do século XX.                 

III. Membro importantíssimo da primeira fase modernista, ajudou Mário de Andrade a compilar e escrever "Macunaíma".

 

É correto o que se afirma em:


I  e II, apenas.


II, apenas.


I, II, e III.


I, apenas.


III, apenas.

 Sobre Riobaldo, o jagunço protagonista de Grande sertão: Veredas, é correto afirmar:



A narração desta personagem de forma alguma se assemelha a um longo monólogo, em que se tece a rememoração da vida para quem a viveu.


Riobaldo é um sertanejo que escreve memórias e as relata para os moradores da cidadezinha onde ele mora.


Riobaldo conta suas peripécias e, ainda, sua trajetória como matador de aluguel.


Ele conta oralmente suas previsões sobre o sertão em uma ótica bastante otimista.


Ele conta oralmente todas as suas experiências passadas, quando percorreu epicamente o sertão, em lutas e mais lutas entre jagunços, tempo que, inclusive, teve oportunidade de assumir a função de chefe de um dos grupos.

Leia o trecho a seguir para responder a questão:

 

"Ele conta oralmente todas as suas experiências passadas, quando percorreu epicamente o sertão, em lutas entre mais lutas entre jagunços, tempo em que, inclusive teve oportunidade de assumir a função de chefe de um dos grupos; diante do suposto ouvinte, não se realiza, na verdade, o diálogo, já que a narração se assemelha a um longo monólogo, que que se tece a rememoração da vida para quem viveu. O desenrolar da memória que se funde à narratividade faculta ao narrador _____________________ contar sua vida."

 

Qual personagem da obra rosiana completaria melhor o espaço do texto acima?


Riobaldo, o jagunço protagonista de Grande sertão: veredas.


Rosalina, de "Lélio e Lina".


Miguilim, da novela Campo geral.


Grivo, de "Cara-de-bronze".


Antônio Martins, da novela "Chagas amargas".

O livro Vila dos Confins, de Mário Palmério, é  considerado por alguns críticos literários como um livro testemunho. Coerente com seu lugar social, expôs, em forma de ficção, a política como os brasileiros conheciam.  De acordo com seus estudos, analise as alternativas abaixo e, em seguida, marque a afirmativa incorreta em relação à obra Vila dos Confins: 


A política é retratada na obra com bastante verossimilhança. Justamente por este motivo, nota-se um marcante  envolvimento ideológico do autor, inclusive citando seu partido político na realidade. 


Apesar de a política ter sido tratada com verossimilhança, não houve envolvimento, não foi apresentada ideologia. 


A obra escancarou a beleza da vida simples no interior para um brasil que se achava em desenvolvimento, mas que possuía suas raízes e memória no campo. 


Em relação à materialidade do livro, Vila dos Confins de apresentou em relação às suas inúmeras edições, em diferentes formatos, adaptados de acordo com os diferentes momentos em que foi editado. 


Pode-se dizer que o livro transitou pelo regional e o político, ambos os discursos se fundiram com o discurso de valorização do sertão. 

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